terça-feira, 22 de junho de 2010

#25

Lúcia morria de saudades de Pedro, mas não o visitava.
Nunca lhe proferiu uma palavra de carinho, talvez
por vergonha ou talvez por achar que não era a hora.
Desde aquela briga do dia 15 de Julho eles não se falavam,
uns achavam que a culpa era de Lúcia e outros preferiam
não comentar. Ela era muito irritada e orgulhosa de suas atitudes,
até das mais erradas. Mas o ocorrido já faz mais de um ano e
Lúcia já mudou de cidade, e sua saudade venceu a batalha com
o seu orgulho. Pegou o telefone ensaiou tudo o que iria falar,
dizer o quanto era uma nova mulher. Discou o número e esperou
que Pedro lhe respondesse com aquela voz que faz seu coração disparar,
e a única voz que ela ouviu foi uma que dizia que Pedro
não estava mais entre nós.
Agora Lúcia sempre visita Pedro e lhe diz milhões de juras de amor.
Pena que ele nunca vai saber.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

#24

Um mágico de esquina de rua faz suas apresentações
de todas as sextas-feiras em frente ao prédio de Daniel,
que presta toda a atenção do mundo a cada número,
debruçado na janela do quarto andar.
O mágico tira coelhos da cartola, lenços coloridos da boca e
pombas brancas de dentro do paletó. Todos aplaudem, inclusive
Daniel, que com seus seis anos de idade espera com que o mágico
possa lhe devolver a visão.