sábado, 27 de fevereiro de 2010

#5


Alexandre sempre amou Estela, nunca escondeu de ninguém. Todos sabem também, porque ele contou.
Alexandre não é do tipo que guarda sentimentos, se ele sente, ele diz. Sempre acreditou
que quando se conta as coisas elas não dão certo,
mas quando se é um rapaz sozinho é meio difícil conter as palavras.
E como tudo sempre deu errado em sua vida, ele atribui a este fato,
e promete que vai calar a boca a cada nova esperança...
- Alô, Estela?
- Oi, Alexandre. Quanto tempo (risos), que saudade...

Por detrás da camisa de estampa sombria agora há um coração que bate 150 vezes por minuto.
E meio engasgado diz:
- Que bom que sentiu saudades de mim. Estou te ligando justamente por isso, estou muito afim de te ver.
- Podemos ir àquele parque que você tanto gosta, o que acha?
- Que legal, Estela. Eu iria falar pra você escolher mesmo um lugar. Que bom que é um que eu goste.
- Amanhã, seis da tarde?
- Sim, está ótimo. Não vai estar aquele sol de rachar. Anda fazendo muito
calor, ?
- Pois é... Até amanhã, Alê. Te adoro!
- Um beijo, Estela.
A cabeça de "Alê" agora é um turbilhão de "amor-esperança". Também não é pra menos,
ela disse que sentia saudades antes mesmo dele dizer, escolheu o lugar que ele tanto gosta, abreviou o seu nome
e ainda disse um belo "te adoro". Não há coração que resista.
(...)
Chegou o grande dia e a barriga de Alexandre, gela e ele fica meio nervoso.
Num abraço gostoso os dois se cumprimentam.
- Cara, que saudades de você. - Comenta Estela.
- Muita falta me fez também, mesmo. - Responde Alexandre.

O tempo de uma longas conversa, olhos brilhando e alguns minutos sem dizer nada
passou e Estela tem que ir embora...

- Alê, está na minha hora, amanhã acordo cedo. A faculdade está me matando.
- Quer que eu te leve em casa?
- Não precisa.
E com um beijo no rosto, Estela se despede de Alexandre, que acompanha seus passos
perguntando a si o que fez de errado. Puxa vida, Estela parecia estar tão afim, sentiu saudades,
marcou o encontro e pela primeira vez disse um "te adoro". Como assim, só um beijo no rosto?
Alexandre tinha tanto a dizer, talvez pediria ela até em namoro aquela noite.
Porém lembrou que comentou com duas pessoas sobre este encontro.
Ele agora promete por tudo que é mais sagrado que irá se calar,
e eles voltarão a se ver duas semanas depois, em Fevereiro. Pena que a previsão é de chuva, ele me contou.

- Agradeço a Maria Elisa, pela ajuda com o texto.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

#4


Quero teus sorrisos, de fotografias de cartões postais, enquanto escuto aquelas canções antigas, que você costumava cantar baixinho, num inglês bonito, de tão doce, mas que eu nunca consegui entender muito bem. As canções têm razão, meu bem. Quase sempre. E quase sempre, também, o que eu quero, está tão próximo, e ao mesmo tempo tão distante, que aos poucos vou desistindo de tentar entender e/ou classificar.

Digo tantas coisas, escrevo frases soltas sobre nós dois, por todo canto, numa tentativa infantil de manter viva cada boa lembrança. Mas não sei se você gosta, se entende, se ainda faz algum sentido pra você, aí tão longe.. Não sei se o que digo aqui consegue te alcançar.

Mas acho que esse é o meu jeito de mostrar ao mundo como foram bonitos aqueles dias, das chuvas de maio, de abraços apertados para escapar do frio. Do mundo.

#3


Ouviu-se dizer na subida da Rua 16 com a José Felício
que, amar alguém totalmente o oposto de você é sempre melhor...
- Gustavo, que idéia é essa de namorar agora?
- Já estamos ficando a 4 meses. Ta na hora, não acha?
- Claro que não, somos bem diferentes. Eu sou muito agitada e você é tão calmo.
- Mas aí é que ta.
- Aí é que ta o que?
- Preste atenção...
Quem vai tirar minha timidez, quem vai me ensinar a ouvir músicas legais,
a tomar o meu primeiro porre, conhecer o mundo lá fora? Só pode ser você.
E eu te acho tão legal.
- Você não me convenceu, Gustavo.
Até agora só ouvi seu lado, e eu nessa história?
- É uma troca de experiências, Fernanda.
Eu ensino tudo o que sei e você tudo o que sabe. E aí, o que achas?
- Eu só acho que você é muito engraçado, mas ate que isso está fazendo sentido. (risos)
Eu não quero mesmo um rapaz igual a mim, acho que a vida é pra se aprender a cada dia.
- Pois é. Foi o que disse um velho lá na Rua 16.
- Mas ele é feliz?
- Não, mas a experiências de um homem que sofreu a vida toda
por esta com a pessoa errada é exemplo para felicidade nos dias de hoje.
- É, você tem razão! Eu aceito namorar com você.
Afinal, eu já estava gostando de você mesmo!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

#2


- Puta que pariu, que ônibus demorado da porra,
vou me atrasar de novo.
E daí, ela sempre se atrasa também.
Hoje é minha vez!

(...)

50 minutos que já estou aqui e nada dela chegar, se a merda
do ônibus passasse mais cedo eu estaria mais ferrado ainda.
Olha só essas pessoas, passando aqui pela segunda vez.
Devem estar me achando com cara de idiota.
- Oi, Guilherme. Desculpa a demora, é que eu estava...
- Ahh... tudo bem, também cheguei quase agora.

#1


Sobe rua, desce rua, vira a esquerda, para a direita, espera o carro.
- Maria, onde vai?
- Estou procurando um amor.
- E é assim que se encontra?
- Não sei, mas ja tentei de todas as formas.
- Acho que esta procurando errado.
- voce já encontrou o seu amor?
- Não.
- Então como sabe o que é certo e o que é errado?
- Porque nunca vejo ninguem fazendo isso.
- É por que não buscam só a felicidade.