domingo, 22 de maio de 2011

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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

#27

Um grande pintor de nu artístico
da cidade de Santa fé, em algum lugar do Brasil,
não gostava de ser incomodado quando estava pintando
seus lindos quadros. Toda vez em que alguém batia
a sua porta, quando não deixava de atender, ele
era extremamente mal educado, fazendo com que
seus clientes e amigos fossem embora com um
sentimento de culpa.
Passou então a pendurar uma placa de "ocupado"
em sua porta e nunca mais tirou. A placa foi
eficaz e o seu ultimo quadro foi o mais belo de
todos já feito em 36 anos de profissão. A placa
foi tão eficaz que ninguém mais quis saber da beleza,
ou se quer teve a curiosidade de perguntar o preço
daquele quadro, que está hoje no Museu de Artes
custando milhões. Fazendo com que este homem seja
o mais famoso e solitário pintor falecido em 1807.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

#26

- E aí, compadre... Quanto você vai querer naquela égua mansa?
- Compadre, eu quero R$4.500!
- Que isso, dei uma olhada lá e não dou mais que R$4.000!
- Você não sabe como eu trato aquela menina lá. É capim
que eu mando vir lá do Mato Grosso e ração da melhor qualidade.
Essa égua nunca me deu problema.
- Capim do Mato Grosso? Sei...
- Eu ainda lhe dou toda a ração que tenho aqui e mais todo o capim que eu encomendei. Mas aí fecharemos negócio em R$6.000.
- Pago R$5.000 em tudo!
- Então melhor você ir para sua casa e pensar bem,
por R$6.000 você ainda vai sair no lucro!
Nenhum dos dois homens daria o braço a torcer, pelo simples fato
de querer dar o veredicto final, mesmo achando a proposta excelente.
No dia seguinte um rapaz jovem e bem arrumado, com sotaque da cidade grande bate a porta do vendedor Zé Inácio.
- O senhor que é seu Zé Inácio?
- Sou eu sim, pode falar...
- Estou vindo a respeito da égua. Quanto o senhor quer nela?
- Vendo-lhe por R$7.000, e você ainda leva toda a ração e o capim do Mato Grosso.
- Feito! Amanhã mesmo eu venho buscar. Esta aqui o cheque!
Zé Inácio olhou torto para o rapaz da cidade grande e rasgando o cheque disse:
- Vocês da cidade grande não sabem de nada mesmo. Nunca vão entender
que o grande prazer da venda é negociar.

terça-feira, 22 de junho de 2010

#25

Lúcia morria de saudades de Pedro, mas não o visitava.
Nunca lhe proferiu uma palavra de carinho, talvez
por vergonha ou talvez por achar que não era a hora.
Desde aquela briga do dia 15 de Julho eles não se falavam,
uns achavam que a culpa era de Lúcia e outros preferiam
não comentar. Ela era muito irritada e orgulhosa de suas atitudes,
até das mais erradas. Mas o ocorrido já faz mais de um ano e
Lúcia já mudou de cidade, e sua saudade venceu a batalha com
o seu orgulho. Pegou o telefone ensaiou tudo o que iria falar,
dizer o quanto era uma nova mulher. Discou o número e esperou
que Pedro lhe respondesse com aquela voz que faz seu coração disparar,
e a única voz que ela ouviu foi uma que dizia que Pedro
não estava mais entre nós.
Agora Lúcia sempre visita Pedro e lhe diz milhões de juras de amor.
Pena que ele nunca vai saber.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

#24

Um mágico de esquina de rua faz suas apresentações
de todas as sextas-feiras em frente ao prédio de Daniel,
que presta toda a atenção do mundo a cada número,
debruçado na janela do quarto andar.
O mágico tira coelhos da cartola, lenços coloridos da boca e
pombas brancas de dentro do paletó. Todos aplaudem, inclusive
Daniel, que com seus seis anos de idade espera com que o mágico
possa lhe devolver a visão.

domingo, 30 de maio de 2010

#23

Patrícia sempre acorda as cinco da manhã,
às seis pega o metrô vazio até a próxima estação,
onde começa a entrar tanta gente, que faz
ela pegar os fones de ouvido e ouvir Pullovers
em volume máximo. Pensando em toda a vida que leva,
ela já pensa em parar com as aulas de francês e
de fazer cara de feliz todos os dias pro seu chefe.
Patrícia tem contas a pagar e gosta do francês,
o que faz ela adiar sua demissão do trabalho à
mais de um ano. Quando esta de bom humor se apega
na fé e chega a cogitar que seu emprego digno, (mas ruim)
que paga só um salário mínimo é a melhor coisa pra ela
nesse momento, onde os anos vão passar e o seu tão
sonhado sonho de ter uma casa amarela com uma varanda, e
uma rede onde ela possa tocar violão, vão ficando para trás.
Por pura falta de coragem.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

#22

Era na praia o lugar em que todo dia, Mariana
arrumava suas desculpas para sorrir e chorar,
tinha alguns amigos, mas gostava de ficar
sozinha e conversar seu interior. Uma das perguntas
que ela mais se fazia era, "Como você pode deixar
ele escapar?” Era a pergunta que nunca havia resposta,
pois seu marido, amante do mar preferiu as águas salgadas
do que pensar como seria amargo para Mariana viver sem ele.
Mariana nunca havia notado a presença de Helena naquela
praia que parecia ser só dela, das três da tarde até
às seis da noite, quando começava a escurecer.
- Oi? Vejo-te sempre por aqui. Porque olhas tanto o mar? - Perguntou Helena.
- O mar levou uma pessoa que eu amo muito. - Disse Mariana.
- Comigo foi o mesmo, e sempre quando posso venho aqui lembrar
do tempo em que fomos felizes.
- E quem que morreu? Filho, marido... - Perguntou Mariana.
- Não, ninguém morreu. Foi um rapaz que eu conheci a dois anos, que preferiu o mar ah se casar comigo. Marujo o apelido dele. - Disse Helena sorrindo.
- Marujo? Dois anos? Como assim...
A partir daquele dia, Mariana e Helena viraram amigas e não vão mais
a praia. Agora tomam chá das cinco até as seis da noite, desejando
que no horizonte onde o mar parece terminar tenha um abismo, e que
Marujo tenha ido pra lá.