domingo, 30 de maio de 2010

#23

Patrícia sempre acorda as cinco da manhã,
às seis pega o metrô vazio até a próxima estação,
onde começa a entrar tanta gente, que faz
ela pegar os fones de ouvido e ouvir Pullovers
em volume máximo. Pensando em toda a vida que leva,
ela já pensa em parar com as aulas de francês e
de fazer cara de feliz todos os dias pro seu chefe.
Patrícia tem contas a pagar e gosta do francês,
o que faz ela adiar sua demissão do trabalho à
mais de um ano. Quando esta de bom humor se apega
na fé e chega a cogitar que seu emprego digno, (mas ruim)
que paga só um salário mínimo é a melhor coisa pra ela
nesse momento, onde os anos vão passar e o seu tão
sonhado sonho de ter uma casa amarela com uma varanda, e
uma rede onde ela possa tocar violão, vão ficando para trás.
Por pura falta de coragem.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

#22

Era na praia o lugar em que todo dia, Mariana
arrumava suas desculpas para sorrir e chorar,
tinha alguns amigos, mas gostava de ficar
sozinha e conversar seu interior. Uma das perguntas
que ela mais se fazia era, "Como você pode deixar
ele escapar?” Era a pergunta que nunca havia resposta,
pois seu marido, amante do mar preferiu as águas salgadas
do que pensar como seria amargo para Mariana viver sem ele.
Mariana nunca havia notado a presença de Helena naquela
praia que parecia ser só dela, das três da tarde até
às seis da noite, quando começava a escurecer.
- Oi? Vejo-te sempre por aqui. Porque olhas tanto o mar? - Perguntou Helena.
- O mar levou uma pessoa que eu amo muito. - Disse Mariana.
- Comigo foi o mesmo, e sempre quando posso venho aqui lembrar
do tempo em que fomos felizes.
- E quem que morreu? Filho, marido... - Perguntou Mariana.
- Não, ninguém morreu. Foi um rapaz que eu conheci a dois anos, que preferiu o mar ah se casar comigo. Marujo o apelido dele. - Disse Helena sorrindo.
- Marujo? Dois anos? Como assim...
A partir daquele dia, Mariana e Helena viraram amigas e não vão mais
a praia. Agora tomam chá das cinco até as seis da noite, desejando
que no horizonte onde o mar parece terminar tenha um abismo, e que
Marujo tenha ido pra lá.

terça-feira, 11 de maio de 2010

#21

...era normal naquela época os pais escolherem
com quem suas filhas iriam se casar, foi aí que os pais
de Madeleine vieram a escolher o filho do Rei da França.
Com um acordo entre as duas famílias em menos de um ano
Madelaine de apenas 17 primaveras estaria casada com o
atual Rei que completará 18 anos e vai assumir o posto de seu pai...
7 anos depois de casados o Rei veio a falecer de leucemia, deixando
Madelaine sozinha para resolver todos os problemas do país.
Um ano sozinha e sem habilidades nenhuma para administrar tantas coisas,
Madelaine resolveu se casar com o homem que lhe trouxesse a mais
bela flor. Não demorou muito e na entrada do castelo havia homens
de quase todas as idades com seus exemplares de flores.
A Rainha Madelaine não gostou muito do que viu, tudo era muito igual
e ela queria ser surpreendida... Um homem jovem e desatento passava pelo
local, sem dar a mínima pra toda aquela movimentação.
Encantada, Rainha Madelaine lhe chamou a atenção e disse:
- Homem de nome que não sei ainda, queres se casar comigo?
- Não.
- Você terá toda a mordomia do mundo, e será o homem de maior
popularidade e respeito em toda França.
O tal homem deu as costas a Rainha e foi para sua humilde casa.
Madelaine começara a se apaixonar pela primeira vez,
com um marido arranjado pelos pais nunca havia se sentido daquele jeito.
A partir daquele dia, todos os homens e mulheres começaram a sofrer, os homens por tentar agradar a Rainha e as mulheres por tentar agradar os homens. Agora na França, todo mundo só tem olhos para quem não lhe quer.
Contou o sábio rapaz que deu as costas a Rainha.

terça-feira, 4 de maio de 2010

#20

Andando triste pelas ruas, tiro umas moedas do bolso e conto 90 centavos,
entro em uma padaria e pergunto:
- Por favor, quanto custa o café?
- 70 centavos, senhor.
- Quero um então, por gentileza.
Depois de 30 minutos, deixo meu café já frio de lado e dou
atenção a um homem que ironizando diz:
- E aí, rapaz?! Jogão do Mengão ontem, hein...
Não era porquê eu estava com a camisa do meu time, que eu
queria falar de futebol. Soube também que ele havia perdido,
não tinha assunto. Pelo menos não sobre isso...
- Eu não vi o jogo!
- Eu também não. Nessa hora eu estava com minhas malas prontas,
ia viajar e não fui.
- Já até sei. Esses aeroportos estão uma bagunça, mesmo.
E se lamentando o homem me respondeu:
- Cara, descobri que a mulher que eu amo tem marido e 2 filhos.
Jamais quis estragar a vida de alguém, ainda mais destruir uma família.
Com os sentimentos mais confusos do mundo eu perguntei:
- E agora, onde esta essa mulher?
- Deixei ela numa praça, próxima daqui.
Me despedi do tal homem e fui correndo até a minha casa.
Chegando lá, vejo minha agora ex-mulher no sofá envergonhada, chorando
e disse: - As crianças ficam comigo e amanhã de um jeito de levar
tudo o que é seu, e vá morar com a sua mãe!